Horácio Dídimo, o afinador de palavras


Horácio Dídimo Ferreira Barbosa Vieira é professor aposentado do Departamento de Letras e Literatura e da Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará. Formado em Direito (UERJ) e Letras (UFC), é Mestre em Literatura Brasileira (UFPB) e Doutor em Literatura Comparada (UFMG). É membro da Academia Cearense de Letras, da Academia Cearense da Língua Portuguesa, da Academia de Letras e Artes do Nordeste, da Academia Brasileira de Hagiologia, da Academia de Ciências Sociais do Ceará e da Associação Brasileira de Bibliófilos; é ainda sócio honorário da Academia Fortalezense de Letras e sócio correspondente da Academia de letras e Artes Mater Salvatoris (Salvador – Bahia). Além disto, Horácio Dídimo é pai do sindicalizado Carlos Horácio Camurça.

Segundo entrevista concedida ao jornal O Povo na edição de 04 de abril de 1998; em que conversou sobre o cerne da sua obra, a literatura infantil, tema que lhe rendeu o doutorado em Minas Gerais, e sobre a estrutura trinitária de sua literatura: som, silêncio e sentido; Horácio Dídimo é tímido e de poucas palavras.

Mesmo quando escreve livros como A estrela azul e o almofariz, lançado pela coleção Alagadiço novo, ou uma tese de doutorado como Ficções lobatianas:  Dona Aranha e seis aranhinhas no sítio do picapau amarelo, Horácio Dídimo o faz como quem procura no verso simples e na idéia concisa a alegria de uma criança em desbravar o universo de Monteiro Lobato, Lewis Carroll, Christian Andersen ou dos irmãos Grimm. 

De fato, ele próprio fã de toda essa turma, desde sempre esteve envolvido com a literatura infantil. Fosse no choque que levou quando soube pelo rádio da morte de Monteiro Lobato - morria para o pequeno Dídimo quem ele considerava um membro de sua família -, fosse como professor universitário, através de suas aulas na disciplina de literatura infantil na UFC. Disciplina essa que acabou incentivando-o a escrever para crianças. 
                                  
Assim, o poeta pessimista e irônico de livros como Tempo de Chuva, redescobriu a esperança e a alegria em sua obra e passou também a publicar títulos como O passarinho carrancudo, Histórias do mestre Jabuti, Festa no mercadinho e As reinações do rei. 
                                  
Por essas e por outras, então, Dídimo foi escolhido para ser o entrevistado do caderno que trata justamente desse tema no jornal O Povo. Sem muito jeito para grandes conversas, o professor recebeu os jornalistas em sua casa com uma timidez só comparável ao seu entusiasmo sempre que o assunto envolve Lobato e cia. Em pouco mais de meia hora de entrevista, falou sobre seu contato com a literatura infantil, sobre as dificuldades e os problemas que envolvem o gênero atualmente e disse que não faz distinção entre o escritor de livros para adultos e esse outro poeta.

"Na verdade são caminhos paralelos que eu não consigo distinguir. A minha literatura, o meu ensaio, a minha poesia têm muito de literatura infantil".

Segue o link da reprodução da respectiva entrevista de 1998 no sítio eletrônico do jornal O Povo: Clique aqui